sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Sombra de euforia

Hoje minha alma rasga-se
e a fugidia razão me abandona
entre espinheiros de frio
e metal retorcido sobre mim

Minha vontade é papel e tinta
Que me cega
E me faz sentir meu intento
Despido sobre folhas
Corpo de musa que desfila em ondulantes movimentos
Com a sensualidade de um encanto
Que tenta a minha vontade de ser Ser
E me esmaga o ânimo real
E a consciência de estar consciente inconscientemente

Vejo as ideias de quem sou e de quem fui
E não me reconheço
nesse mar sereno de medo e fumo
como bruma que separa do mundo,
os mistérios que me habitam.

Entre a realidade e a ilusão de mim
Sinto um êxtase de sonhos
E navego,
espaço vago de pensamentos,
estendidos num fundo sem cor
que lutam por se impor
à paz que me não ocupa
e me atormentam.
Vigor mórbido
De seres que se ligam a mim
e me tornam mais ser
Do ser que não fui
não serei
mas sou.

Desperto-me,
e em teus olhos
De brilho escuro e amarelo
Que me abalam e espezinham,
entre espaços mortos de presença.
Exaltação de sonhos e formas

Meu medo…
tão sórdido,
por ti tão presente,
tão paralelo a mim
torna-me espectro de tuas vontades.

Sou testemunha de tuas lutas
De escuridão e fogo
Teu universo opaco,
de forças sem fim,
no qual me desprezo e desejo.
Não sei quem sou!
Amo-te e renego-te
mas não sei que és…

Sei que estou imóvel neste caos,
nevoeiro,
corpo sólido de fumo
querendo ser e não ser
querendo o nada
e os sonhos que queimo,
formas fixas e plenas que crio
cavidades apagadas
com medos e seres que não existem.