Rasgo este véu que me separa da loucura
E sinto-a invadir-me em ondas de raiva e júbilo
Com ódio do nada e do tudo, que ocupa os espaços vazios
entre este mundo e o outro
o real e a ilusão,
a desejo e a cobardia
Que medo de soltar o monstro
escondido no fundo do poço que sou
que desespero ansioso por oculta-lo
da luz deste impávido dia de refugo.
Confinado a mim,
neste ruído mudo, que me dilacera o corpo,
Sinto-me restos
Não somente p’la corrosiva dor
Mas p’la força de crer ser livre
nesta ira de te ter perto
Rastejo como verme,
nesta existência lodosa
Esmagando-me contra esta corrente de gente,
pálida e dormente
E sinto o mundo sugar-me o sangue das veias
Espezinhando tudo o que cresce
Como ódio rangente do nada que tenta ser gente.
Sem comentários:
Enviar um comentário